terça-feira, 27 de novembro de 2012

Se eu não chegar a ver, vai nascer de mim quem vem para ver

Por Cidinha da Silva



Eu gostaria de assistir Subúrbia por simples deleite, como assisto Lado a Lado, mas fiquei tão impressionada com as reações negativas, lidas e ouvidas, que me impus a tarefa de analisar a mini-série e destacar o sem-número de boas impressões causadas pela obra em mim. Mas é chato, confesso. Eu quero apenas ser telespectadora, gostar, como gosto, e degustar o que mais me interessa, o texto.Recuso qualquer roteiro didático para acompanhar Subúrbia. O fato de autores, atores e atrizes terem pensado isso ou aquilo no momento da concepção, não garante o resultado performático desejado, ou seja, existe uma grande distância entre pensar a obra e conseguir realizá-la. E todas as pessoas têm o direito de achar o que quiserem! Abaixo a leitura de telepronto que alguns querem impor ao telespectador. Tampouco, desejo criar um roteiro (didático) próprio para amealhar seguidores.

Sou do time de Carlinhos Brown, a poesia é necessidade básica. Quero falar sobre um trabalho de arte que me emociona e traz elementos importantes (e novos) para a teledramaturgia do negro, na verdade, sobre o negro no Brasil, ainda. Tudo isso pelo meu olhar, nada mais!

Não me forçarei a ver o que quer que seja, nem levarei meus discursos prontos sobre as mulheres negras, por mais que os julgue criativos, supostamente consonantes com a tradição (embora, muitas vezes, não passem de aspectos superficiais), para a leitura da telenovela. Cada pessoa venda seu peixe com a técnica que tiver nas mãos, com a linguagem de sedução e convencimento de idéias que tiver conseguido criar ao longo da vida.

São muitos interesses em disputa para “garantir” outras edições da mini-série. Tenho consciência de que Lado a lado conta com atrizes e atores consagrados, com lugar ao sol global garantido, na medida limitada em que artistas negros conseguem ter garantias na profissão, fora das produções chamadas de época e dos papéis de/para negros. Em Subúrbia, Haroldo Costa, ícone da cultura brasileira, é conhecido na TV, entretanto, como grande especialista em samba.

Rosa Marya Colin é uma das maiores cantoras brasileiras de todos os tempos, porém, muita gente a está descobrindo agora, como Mãe Bia. Triste país, o nosso. Mas, os tais interesses não me roubarão o prazer de assistir Subúrbia e de me deter nos detalhes que me cativarem e me ajudarem no entendimento da construção de um texto primoroso. Clique aqui para ler na íntegra. 

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